Recentemente participei de um Seminário na Câmara de Vereadores sobre o Gás de Xisto, onde houve a excelente explanação do prof. Luiz Fernando Scheibe, que apresentou sobre esse assunto.
Você já ouviu falar sobre o Gás de Xisto, Fraturamento hidráulico?
Coiscidentemente ou não, assisti no último final de semana um filme que abordava exatamente essa preocupação.
Sendo assim, coloco uma matéria abaixo para iniciar nosso conhecimento e o filme que elucida um pouco dessa problemática.
Exploração das novas fronteiras de gás não convencional pode começar em 2014, mas não representa solução de curto prazo.
A petroleira Petra Energia comunicou na última quarta-feira (22/5) à Agência Nacional do Petróleo (ANP) mais uma descoberta de gás natural na Bacia de São Francisco, norte de Minas Gerais, aumentando a esperança dos entusiastas da exploração de reservas não convencionais de gás no Brasil.
As operações da Petra devem inaugurar a busca pelo gás de xisto, combustível apontado como a redenção para os problemas econômicos dos Estados Unidos, com a promessa de garantir a independência energética e a atração de uma série de investimentos industriais.
A empresa se associou à americana FTS International, especializada na tecnologia de fraturamento hidráulico, usada para extrair o gás de xisto, e pretende iniciar as atividades em 2014.
Especialistas consultados pelo Brasil Econômico, porém, sugerem cautela com as expectativas sobre a nova fronteira energética, que tem provocado grande polêmica ao redor do mundo devido aos riscos ambientais.
O consenso é que a nova fronteira não terá os mesmos efeitos positivos sobre o Brasil, que já tem grandes reservas de gás mas sofre com a falta de infraestrutura de transporte do produto.
"A situação do Brasil é completamente diferente dos Estados Unidos.Temos grandes reservas descobertas, mas não temos infraestrutura", diz o consultor Jean-Paul Prates.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) já anunciou que pretende licitar algumas áreas com potencial para gás não convencional em um leilão específico para busca por reservas de gás, previsto para o final do ano. Mas até agora, há uma série de questões regulatórias e ambientais a respeito do uso da tecnologia de fraturamento hidráulico ainda não respondidas.
"O assunto é novo e, por isso, estamos discutindo os impactos. Não podemos ainda dizer se vamos conceder licença ou não vamos", diz o analista ambiental Luciano Junqueira de Melo, da Superintendência Regional de Regularização Ambiental da região central de Minas Gerais, onde a Petra e a FTS devem iniciar as operações.
A advogada Maria Alice Doria, do escritório Doria, Jacobina e Gondinho Advogados, ressalta que as empresas interessadas na exploração de xisto podem ter dificuldades também para obedecer a diferentes marcos regulatórios, dos setores de petróleo, de mineração e das águas - uma vez que a perfuração de um poço consome entre 10 e 15 milhões de litros de água, o suficiente para encher entre 300 e 500 caminhões-pipa de grande porte.
Nos Estados Unidos, diz Prates, incentivos fiscais, décadas de dependência energética, estrutura legal regionalizada e, principalmente, o fato de de os proprietários de terra serem donos das reservas - e ganharem muito dinheiro com a exploração - facilitaram a difusão da polêmica tecnologia.
"O Brasil tem grandes descobertas de gás a desenvolver, como o pré-sal e a Bacia do Parnaíba, antes de pensar no gás de xisto", comenta o presidente da Energia do Rio, Luiz Costamillan.
De fato, a Petrobras estima que o Brasil chegará a 2020 com um excedente de 30 milhões de metros cúbicos por dia, o equivalente ao volume importado atualmente da Bolívia.
"Os grandes desafios do Brasil estão acima do solo, não são questões geológicas",afirma Costamillan, lembrando que, nos Estados Unidos, a extensa malha de gasodutos e a carga tributária contribuem para que o gás chegue mais barato ao consumidor. O território americano é cortado por 500 mil quilômetros de gasodutos, rede 50 vezes mais extensa do que a brasileira.
Além de pequena, a malha brasileira é dominada pela Petrobras, dificultando a entrada de novos agentes, diz Prates. Por falta de infraestrutura de transporte, as petroleiras preferem produzir energia com as reservas de gás, ao invés de vender à indústria, aproveitando-se da rede de transmissão de eletricidade. A extensão da rede é apontada pelo BNDES, em estudo sobre o tema, como uma das principais medidas para o barateamento do preço do gás no país.